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#138Por que analisar resultados continua, ou melhor, é ainda mais essencial?

Por que analisar resultados continua, ou melhor, é ainda mais essencial?

Inspirar obras a humanizar números para desenvolver o Brasil que dá certo.

Ninguém pode negar que a pandemia vem trazendo uma série de oportunidades para profundas transformações que os negócios já deveriam ter feito há algum tempo. Por outro lado, também vem gerando um comportamento que tem me preocupado bastante. Ninguém mais tem tempo para se reunir, refletir, analisar, pois: “...agora o fundamental é cuidar da operação e todos devemos estar na entrega...”. É o momento de executar. O que estou presenciando é que, como diz Roberto Tranjan, estamos todos incorporando o “espírito do lenhador”. Não dá para “afiar os machados” agora.

Mas, você deve estar querendo me perguntar: qual o problema nisso? Pois, num momento como este onde a demanda vem passando por grandes restrições e mudanças, quando surge um cliente querendo comprar, nada mais normal do que estarmos todos lá para vender, não podemos perder as poucas chances que surgem. Afinal de contas as empresas precisam de faturamento. Certo?

Errado! O que os negócios necessitam é gerar lucro e caixa. O mundo não vai acabar, pessoas continuarão consumindo e empresas precisam continuar prosperando. Mas, vamos relembrar o básico, resultados são consequências de experiências essenciais proporcionadas a clientes, colaboradores, fornecedores, prestadores de serviços e parceiros. Porém, agora mais do que nunca, está ocorrendo uma verdadeira metamorfose naquilo que as pessoas valorizam e consideram como essenciais para suas vidas. Então como saber se as escolhas e decisões estão gerando soluções que efetivamente fazem diferença na vida do holograma? E, lógico, de uma forma que clientes reconheçam e aceitem recompensar pelos esforços empenhados pela empresa. Portanto, nesse momento é ainda mais vital analisar as consequências econômicas e financeiras das experiências que nossos negócios estão proporcionando. 

Nesse momento ficou ainda maior a demanda por decisões para ajustes, mudanças e transformações dos produtos, serviços, processos, estruturas etc. Na verdade, negócios são movidos a decisões. No entanto, como disse Daniel Kahneman no seu livro Rápido e Devagar: “tomar decisões é como falar – as pessoas fazem isso o tempo todo, tendo ou não consciência.” E, quando são sem consciência, há um enorme risco de que o conjunto de crenças seja acionado. Em qualquer ocasião isto é bastante perigoso para os resultados, pois crenças são construídas a partir da percepção dos fatos de cada um, e não exatamente da realidade. Então, as reuniões de análises de resultados são uma das principais e melhores oportunidades para questionarmos o que acreditamos. E, só para lembrar mais uma vez, estamos e viveremos num mundo completamente diferente de tudo que já conhecemos.

E ainda, como o autor no livro citado acima escreveu: “...aquisição de habilidades exige...um feedback...sobre a precisão dos pensamentos e ações.” Portanto, um dos principais objetivos das análises dos indicadores de resultados são proporcionar tais feedbacks. 

Por fim, analisar resultados será eternamente essencial, porque são os momentos onde podemos aprimorar a capacidade de correlacionar decisões com os possíveis impactos no caixa e no lucro, e mesmo quando tomarmos decisões de maneira intuitiva, estaremos mais preparados.

 

Índices de fevereiro a abril de 2020

LUCRATIVIDADE
Total Industria
Varejo Serviço
LIQUIDEZ
  Varejo  
   

*Quando se obtém prejuízo, não são calculados indicadores onde o denominador é o resultado operacional. Isto porque o objetivo destes é demonstrar a utilização do lucro. Isto é, quanto deste foi alocado em investimento operacional (variação da NCG), e/ou em outros investimentos (valores que nesses gráficos podem ser observados através da diferença entre formação de caixa total e operacional) e/ou fica retido no caixa.

Eu venho dizendo que abril foi o “mês do susto”, onde várias empresas ficaram paralisadas com a quarentena decretada pelo governo. A Indústria e Serviços foram quem mais enfrentaram dificuldades para reagir. Os negócios exclusivamente do setor produtivo tiveram pior desempenho de lucratividade desde que estamos publicando esses números: -18,35%, enquanto os outros aproximaram-se do ponto de equilíbrio, 1,0% de lucro líquido. Os negócios varejistas, puxados pelos alimentícios, conseguiram até preservar a lucratividade, mas fundamentalmente por causa da redução das despesas.

As empresas que terminaram o mês com caixa positivo foram aquelas que entraram na pandemia com solidez financeira ou as que negociaram e postergaram pagamentos ou as que conseguiram captar recursos junto a instituições financeiras.

 

 

Marcelo Simões Souza