Incrementando

#141Resultado - desejo precisa ser maior do que o medo.

Resultado - desejo precisa ser maior do que o medo.

Inspirar obras a humanizar números para desenvolver o Brasil que dá certo.

O técnico Vanderlei Luxemburgo tem uma frase que ficou marcada no mundo dos esportes, mas que se encaixa perfeitamente no mundo empresarial: “O medo de perder tira a vontade de ganhar". Há seis meses a pandemia vem fazendo parte das nossas vidas. E durante esse período as empresas foram enfrentando vários desafios diferentes, os quais foram provocando medo, insegurança, desespero, tristeza, desorientação e outros sentimentos desagradáveis.
 
O grande problema é que uma série de empresários, gestores e líderes deixaram se levar por esses sentimentos, principalmente pelo medo, e tomaram uma série de decisões, na minha opinião, de maneira precipitada, que agora estão afetando os resultados dos seus negócios. Com medo de não ter faturamento suficiente para arcar com as despesas saíram demitindo colaboradores e rompendo contratos com fornecedores, prestadores de serviços e parceiros estratégicos. E agora, o interessante é que essas empresas de fato não estão conseguindo faturar, mas não é por escassez na demanda, mas em função da falta de produtos, matéria-prima, gente para produzir, entregar, atender. Nós temos constatado a dificuldade que vários dos nossos clientes estão tendo junto aos seus fornecedores. Rupturas nos estoques tem sido o assunto mais debatido nas reuniões de resultados desse mês. Há uns dias liguei para o meu irmão que possui uma loja de puxadores, e ele me contou que vários dos seus fornecedores têm alegado que as equipes ainda estão incompletas e por causa disso não estão conseguindo produzir tudo que está sendo demandado.
O desafio migrou da dificuldade de vender para o desafio em conseguir comprar.
 
Pois é, adaptando a frase do Luxemburgo, o medo de não pagar as contas hoje (início da pandemia) tirou o desejo de prosperar no futuro. Amit Goswami no seu livro “A janela visionária” escreveu: “Vivemos a nossa vida, em parte, sob a tirania da mente...O medo é um instinto fundamental, sem o qual não podemos sobreviver. Mas precisamos de medo imaginário? Esse medo, criado em grande parte pela mente...também orienta nosso comportamento, gerando oscilações desnecessárias de adrenalina e desequilibrando o sistema nervoso...”. O momento atual é exatamente uma consequência de um medo imaginário de uma extrema escassez. O que na verdade, a pandemia só aflorou para aqueles que já tinham dificuldade de enxergar um mundo de abundâncias. Não foi o COVID-19 que provocou o instinto de sobrevivência daqueles que já acreditavam que no mundo dos negócios não tem espaço para todos. 
 
Há uns dias estive no bar e restaurante Quintal da Mooca e tive a oportunidade de conversar com o proprietário, o Chiquinho, sócio do Didi, e perguntei para ele como estavam os negócios. Ele me contou que foram três meses sem faturar um real, mas não desligaram nenhuma pessoa. Pelo contrário, utilizaram os estoques para proporcionar refeições diárias para todos os colaboradores. E, o detalhe, estão aproveitando o momento para expandir o negócio, alugando e reformando um novo espaço ao lado do atual. O que o Chiquinho e o Didi têm de diferente? Visão de abundância. Qualquer negócio para incrementar resultados precisa assumir riscos. É preciso que o desejo de prosperidade seja maior que o medo das possibilidades de fracasso. 
 
 
Marcelo Simões Souza