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#139Resultados. Os verbos mudaram.

Resultados. Os verbos mudaram.

Inspirar obras a humanizar números para desenvolver o Brasil que dá certo.

“Os verbos mudaram. Vender, entregar, comercializar, empurrar, arrancar não funcionam mais. Os negócios agora estão baseados em contribuir, educar, conscientizar, compartilhar, emocionar.” Foi o que me disse um amigo, cliente e empresário, em uma conversa há uns dias. Eu escrevi a palavra “agora” no início do texto, mas isso não é nenhuma novidade para ninguém. No entanto, foi preciso uma pandemia para mostrar às empresas que para continuar prosperando, precisarão entender que clientes estão cada vez menos desejando ter, consumir e comprar. Eles querem ser, estão em busca de significado para suas vidas e desejam se engajar com causas alinhadas aos seus valores.

Estou convicto que a pandemia vai acabar de vez com a ditadura do comércio. Não estou me referindo ao segmento varejista, estou me apegando a uma definição que encontrei na Wikipédia: “...comércio baseia-se na troca voluntária de produtos.” Acredito que vão aumentar as dificuldades para as empresas obterem lucro e caixa só trocando itens por dinheiro. O COVID-19 está nos mostrando algo que já deveríamos saber, viver uma vida plena é mais importante do que possuir um bem maravilhoso. 

Certamente está pandemia vai restringir, mas não eliminar a demanda. As pessoas vão continuar precisando comer, beber, se vestir etc. Porém, como produtos, bens, itens são só meios, então a principal fonte do resultado de um negócio, o faturamento, será uma consequência daquelas empresas que forem capazes de promover a vida.

Clientes podem não perceber no primeiro momento, mas cedo ou tarde reconhecem a verdadeira intenção de uma empresa. E para qual vão dar preferência, para aquelas que simplesmente querem vender um produto ou entregar um serviço, ou para aquelas que querem de fato contribuir com a suas vidas? Para aquelas que simplesmente comercializam o produto ou para aquelas que estão preocupadas com os benefícios que eles proporcionarão, e para isto compartilham conhecimento e educam? Empresas não poderiam, por exemplo, mostrar o que poderia ser feito para reduzir desperdícios? Ensinar a cozinhar, já que foi esta uma das atividades que mais cresceu na pandemia? As pessoas estão muito mais em casa e, segundo pesquisas, também aumentou muito o “faça você mesmo”. Poderiam ensinar a cuidar da decoração, pintar etc. Enfim, todo negócio pode encontrar uma maneira de educar o cliente. Nós nunca esquecemos aquele professor que foi impactante na nossa formação acadêmica. Por que as empresas não podem gerar o mesmo efeito na formação da vida? Será que isto não fideliza clientes? Um dos dois principais componentes da equação do lucro.

Esse momento, no entanto, está trazendo outra preocupação para os negócios. Segundo uma pesquisa da Mastercard SpendingPulse publicada na SuperVarejo, as vendas pelo e-commerce no Brasil cresceram 75%. Então como fazer através da web tudo isso que escrevi acima? Em um ambiente onde praticamente não há interação humana e com um simples clique o cliente pode facilmente trocar de fornecedor? O importante é entender que o virtual é só uma ferramenta e não um fim, ou seja, podemos aproveitá-lo para completar nossos negócios. E, se os clientes querem se engajar em causas, querem comprar de empresas com valores alinhados, a internet só será mais um “canal” para facilitar a vida deles. Afinal de contas o importante é contribuir, educar, conscientizar, compartilhar, emocionar; independente de qual o meio isto será feito.

 

                                                                                                                                                                        Marcelo Simões Souza