Este Incrementando foi criado como um meio para vivermos nosso propósito:
HUMANIZAR OS NÚMEROS PARA PROSPERAR EM UMA NOVA ECONOMIA.
Eu me formei em Economia em 1990; e estou nessa jornada de consultoria de resultados (lidando com números, finanças e indicadores) em empresas desde 1994. Meu pai – cuja vida toda foi dedicada ao varejo – nasceu e morreu fazendo contas. Ou seja, matemática sempre foi algo muito presente (e fácil) na minha vida. Tirava muitas “notas 10” e “passava de ano” antes de fazer a última prova. Portanto, acredito que por causa desta minha intensa relação com os números, eu fico muito inconformado, e triste, com o fato deles (os números) terem se tornado um “vilão”, principalmente no mundo dos negócios. Por que será que isto acontece? Por que as pessoas encontram um monte de justificativas para não participar das reuniões de resultados? E, por que, não gostam de definir perspectivas financeiras (que muitos chamam de orçamentos e metas)? O que explica?
A explicação: números não têm, mas causam sentimentos. Isto mesmo, nós que somos das finanças, e também líderes e gestores, precisamos entender isso, e tomar os devidos cuidados para lidar com essas “ferramentas”.
Há alguns anos atrás, eu estava me preparando para fazer a primeira reunião de resultados com a liderança de um determinado cliente, mas, eu percebi que ele estava aflito. Fui investigar e descobri que ele mal tinha dormido à noite, porque ainda não estava totalmente seguro em compartilhar todos os números da empresa com aquela equipe. Então decidimos mudar a reunião e não apresentar os resultados da empresa naquele dia. Fiquei preocupado, porque, apesar de eu entender que é essencial que as pessoas conheçam os resultados dos seus trabalhos, isto não deve acontecer gerando sentimentos desagradáveis. Aquilo poderia ter até criado um trauma, e fazer com que ele nunca mais desejasse compartilhar números com a equipe.
Conforme já escrevi em outro INCREMENTANDO, números são meios, ferramentas, instrumentos, enfim algo que deve contribuir para a busca de um fim maior, e não um objetivo a ser perseguido. E, o problema está nesta inversão, onde os números acabam tomando o protagonismo dos atores principais: as pessoas que produzem os resultados. Diante desta realidade, o que acaba acontecendo é que colaboradores precisam se ajustar aos números, e não o contrário. Mas, quero fazer uma ressalva aqui, não estou querendo dizer que não se deve definir desafios numéricos (faturamento, despesas, ciclo financeiro etc.), o que estou querendo transmitir é que indicadores devem servir como referência, orientação, inspiração e apoio na gestão. Assim tenho certeza que as pessoas começarão a entender que eles são aliados e não inimigos.
Além disto há uma uma frase muito repetida nas empresas: “...números são incontestáveis...”. Porém, como eles causam sentimentos, esta afirmação precisa ser reavaliada. Uma situação que eu costumo presenciar frequentemente nas empresas e que ilustra bem esta questão é o fato de alguns empresários preferirem pagar fornecedores à vista, mesmo quando isto não é vantajoso financeiramente (o valor não muda para pagamentos à vista ou com 30 dias, por exemplo). Ao questioná-los, todos respondem que não conseguem “dormir tranquilo” diante de qualquer dívida. Então, se o caixa permitir, não devemos deixar as finanças “tirar o nosso sono”. Pois, números não têm, mas causam sentimentos. E, números, finanças, dinheiro são meios.
Marcelo Simões Souza
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