Incrementando

#133O todo é uma consequência dos resultados das partes, e estas precisam do todo para gerar resultados.

O todo é uma consequência dos resultados das partes, e estas precisam do todo para gerar resultados.

 

Inspirar obras a humanizar números para desenvolver o Brasil que dá certo.

Tudo que existe na nossa vida é uma composição de unidades. O sistema solar é um conjunto de planetas, a Terra é a união de vários países, o corpo, de vários órgãos, e uma empresa, de unidades de negócios: lojas, operações, seções, grupo de clientes, etc. A grande questão é que as unidades precisam do todo, mas nem sempre enxergam isto. É possível imaginar um coração funcionando bem, com um pulmão ou um rim debilitado? E, tudo isto funcionando, mas com uma musculatura que não sustenta o corpo? Da mesma forma, uma empresa tem pessoas responsáveis por funções distantes, pois não há como as mesmas pessoas venderem, cuidar de recebimentos (nas empresas varejistas, esta responsabilidade é dos caixas), lidar com a folha de pagamento, produzir, armazenar, etc.

Pois bem, os resultados econômicos e financeiros em uma empresa também são uma composição: das margens de contribuição de cada uma de suas unidades de negócio.

O caminho do lucro passa primeiro pelos resultados destas, ou seja, é preciso que o faturamento de tais unidades sejam superiores à soma dos custos intrínsecos (impostos, comissões, fretes, taxas das operadoras, materiais, mercadorias e insumos) e despesas específicas (normalmente, equipe e estrutura dedicada). Portanto, é inconcebível aceitar margens negativas e nem muito baixas. Sim, é verdade que cada unidade pode ter a sua própria estratégia, a qual pode ter o objetivo de atrair ou começar uma relação com clientes. E pode ser que seja necessário utilizar preços mais atrativos e sacrificar a margem, como o que os supermercados fazem com produtos que compõem a cesta básica. Porém, entendo que independente disto, é preciso definir um limite até onde é possível chegar, de uma forma que não comprometa a formação do lucro e do caixa da empresa. Conforme já escrevi, as unidades de negócio em todas empresas possuem uma estrutura de apoio para suportá-las, o que nos relatórios financeiros costuma ter o nome de despesas fixas de apoio. O passo seguinte na trajetória do lucro é que a soma das margens das unidades supere esses ditos gastos fixos.

Diante disto deve surgir uma pergunta: quanto cada unidade de negócio deve contribuir com a estrutura? O quanto cada uma representa no faturamento total? Como já disse em outras edições do INCREMENTANDO, a resposta é não.

Todas as unidades precisam dar sua contribuição, mas isto depende das estratégias. E aí surge um grande desafio para o principal gestor, desenvolver essa visão sistêmica nos líderes das unidades de negócios. Já que, como não há como distribuir as despesas fixas, não tem como apurar o lucro ou prejuízo de uma unidade de negócio, mas, por outro lado precisam entender que suas margens precisam contribuir com os gastos gerais e os investimentos no negócio, pois sem eles suas unidades não prosperariam. Como as empresas sobreviveriam sem atualizações e inovações tecnológicas? E, os negócios industriais sem novas máquinas e equipamentos? As varejistas sem renovações nos layouts? E assim por diante. Os resultados da empresa é uma composição das margens das unidades, e estas precisam das estruturas de apoio para prosperar

 

ÍNDICES DE OUTUBRO A DEZEMBRO DE 2019

 

LUCRATIVIDADE
Total Industria
Varejo Serviço
LIQUIDEZ
Total Indústria Varejo
*Quando se obtém prejuízo, não são calculados indicadores onde o denominador é o resultado operacional. Isto porque o objetivo destes é demonstrar a utilização do lucro. Isto é, quanto deste foi alocado em investimento operacional (variação da NCG), e/ou em outros investimentos (valores que nesses gráficos podem ser observados através da diferença entre formação de caixa total e operacional) e/ou fica retido no caixa.
Em dezembro, os indicadores de lucratividade não mostram nenhuma novidade. As empresas varejistas tiveram o melhor resultado do ano. O segmento de Serviços continua estagnado e obteve resultados semelhantes aos meses anteriores. E a Indústria, gerou um dos piores prejuízos do ano, ou melhor, dos últimos anos. Porém, entendo que empresários, líderes e gestores precisam ser eternos inconformados. Não devem admitir desempenhos como esses, e precisam ser incansáveis em entender os motivos e buscar soluções. Ah! Não podemos esquecer que o Varejo também precisa avaliar se o ter obtido o dobro de lucratividade foi só por causa do Natal. Os indicadores de liquidez mostram que os negócios precisam aperfeiçoar a gestão de estoques e de crédito, pois os 100 dias que materiais e produtos estão ficando parados nos almoxarifados e prateleiras, são os principais responsáveis pelo fato do ciclo financeiro estar tão alto, 88 dias. E, entendo que é inconcebível que quase 1/3 (29,3%) do que está em aberto, já deveria ter sido recebido.

 

Marcelo Simões Souza